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Crise dos 20 e poucos e as botas perfeitas

Quarter Life Crisis. Eu sabia que não era a única, mas não pensei que a crise dos 25 já tivesse um nome próprio. Achei que a crise dos 30 e a crise da meia idade eram as que eu deveria me preocupar. Eu realmente não esperava por essa, o que pensando agora, parece ser bem estúpido da minha parte.

Acho que é meio óbvio que a gente se sinta assim, mas isso não faz com que seja menos chato, e angustiante, e às vezes desesperador.

O medo de estar tomando as decisões erradas que no futuro vão me levar a ser uma pessoa frustrada que só olha para trás com arrependimento e decepção muitas vezes me consome (era para ser um post mais leve sobre o tema, desculpa).

É um debate eterno entre querer trabalhar bastante e ser bem sucedido financeiramente ou ter uma vida mais livre e desprendida de bens materiais. Será que tem como tentar achar um equilíbrio?

Nunca é o suficiente

Além disso parece que sempre tem o monstro do “você não está fazendo o suficiente” na minha mente.

Não estou trabalhando o suficiente. Não estou dando meu melhor 100% do tempo.

Será que eu só vou sentir que estou fazendo o suficiente quando estiver trabalhando 24h por dia sem ter tempo pra família, amigos e namorado? Não, porque daí vem a crise de não estar se dedicando aos relacionamentos.

Será que eu poderia estar tirando esse cochilo no meio da tarde? Será que tudo bem eu querer sair com meus amigos numa quinta feira de noite? Será que tudo bem eu preferir ver essa série do que assistir a essa aula?

Tenho a impressão que a resposta da vida é: não, não tá tudo bem. Ou, na verdade, está sim, mas você não está trabalhando como os outros, então não espere ser bem sucedida como eles, encare as consequências das suas escolhas, minha cara.

Não esqueça de se comparar com tudo e absolutamente todos

Para piorar, o monstro do “você não está fazendo o suficiente” tem um irmão mais velho, ele se chama “não pare de se comparar com todas as pessoas”.

E, se comparar-se com outras pessoas é ruim em qualquer fase da vida, eu diria que aos 25 é ainda pior (ou talvez eu só ache pior porque é o que tá acontecendo comigo agora).

É a idade em que você tem pessoas casando (gente vocês estão adiantados), algumas tendo filhos, outras com cargos bons em grandes empresas, morando sozinhas e financeiramente independentes (me conta como que é ter dinheiro?) e também tem os que ainda não terminaram a faculdade (terminei uma, mas to há seis anos na outra – que era pra ter terminado em quatro), os que estão começando o terceiro curso (considerando), os que estão viajando sem rumo (queria), os que não tem previsão de sair da casa dos pais (eu mesma) e mais 12.597 cenários diferentes.

Não bastasse tudo isso, nós ainda somos da geração que quer buscar um propósito de vida, o trabalhar por trabalhar não faz sentido pra gente. A velha premissa do “trabalhar, casar e ter filhos” não nos satisfaz.

Eu não quero só um trabalho que pague bem e que eu consiga manter minha família confortável. Nãããão, eu quero um trabalho que pague bem, em que eu me sinta profissional e pessoalmente realizada, que contribua positivamente para a sociedade e que consiga suprir minha necessidade por viagens internacionais anuais (a ntr vai precisar de muita terapia pra lidar com essa pressão, desculpa filha).

E embora todas essas preocupações sejam reais e passem pela minha cabeça 24/7, sinto que uma pessoa mais velha que lesse isso olharia pra mim como eu olho para um adolescente em crise existencial (que eu nunca tive quando adolescente por sinal) e pensaria “aiai pobrezinha, se ela acha que isso é ruim…”.

Nossa e ainda tem toda a questão de ser mulher e querer ter uma carreira e três filhos, que eu nem vou entrar aqui, porque acho que vou deixar essa preocupação para minha crise de 30 anos.

Apesar de tudo

Ok, depois de ter dito tudo isso e feito todas essas reclamações eu preciso dizer que apesar dos pesares eu agradeço muito por esses serem os meus problemas. Eu tenho uma casa confortável e pais que me apoiam, e uma vida que me permite surtar em paz, e sei que essa não é a realidade para a maioria das pessoas. De qualquer maneira precisamos cuidar da nossa saúde mental e isso fui eu cuidando da minha.

Espero que, se você tá no mesmo barco que eu, tenha se sentido menos sozinha ao ler isso. E se você já desceu do barco: send help, a gente tá precisando kkkkryng.

Bom, é isso mesmo, thanks for coming to my TED Talk.

E agora vou deixar aqui uma frase que eu amo e em seguida deixarei as fotos de looks com botas porque o post ficou mais pesado do que eu imaginei:

“Our greatest fear is not that we’re inadequate, our greatest fear is that we are powerful beyond measure, it is our light, not our darkness that most frightens us.” Marianne Williamson

Aimee Song e as botas perfeitas:

Plot twist. Agora vamos falar sobre moda. Antes de sofrer um mental breakdown e começar esse post eu ia escrever sobre essas botas, então aqui está (deu de escrever, só fotos agora):

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